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Nosso Banheiro Marrom

Um banheiro marrom. A pressão externa. Muitas memórias e reflexões...

Nosso Banheiro Marrom

“O brasileiro produz, em média, meia tonelada de resíduos de construção civil ao ano”.

Este é o título de uma matéria do site www.ecycle.com.br. Não precisa investir muito tempo pesquisando para concluir que a construção civil é um dos segmentos industriais mais críticos quando o assunto é impacto ambiental, responsável pela maior geração de resíduos sólidos da sociedade!

Há meses estou com vontade de escrever sobre o assunto, pois este é um tema que foi motivo de muitas conversas, discussões e porque não logo dizer, brigas, aqui em casa.

Sabe aquelas fotos fofas do bebê tomando banho, os vídeos das brincadeiras na banheirinha? Então, elas sempre foram um problema pra mim.

Desde que compramos nosso apartamento, tinha um desejo grande, quase uma certeza dentro de mim, de que o banheiro seria reformado. Sim, apesar do apê ser um sonho para nós: antigo, cômodos grandes, localização excelente, etc... Tinha apenas 1 banheiro (na realidade 2, mas o segundo é da dependência e, usamos basicamente como “depósito”). E ele era (e continua sendo) MARROM! Afff... Ninguém merece.

Pode parecer capricho para alguns. Pra mim, “marrom” + “banheiro” dá uma combinação quase que indigesta. Este foi meu sentimento por muitos anos (e não mudou muito, confesso). Gosto das coisas claras, com ar de limpinhas...

Banheiro é um cômodo úmido, prato cheio para “criação” de vermes e bactérias... Enfim, marrom não, por favor!

Sendo assim, muito antes da Casa Sem Lixo existir, contrariando meu estimado esposo, chamei pelo menos 3 profissionais da área para orçar a desejada reforma. A primeira reação de todos eles:

— Nossa! Que banheiro enorme! Não se faz mais nada assim hoje em dia...”

— Pois é, eu sei, tamanho bom, né?! Mas é marrom... Não suporto mais essa cor! - eu respondia

Aí eles tocam o piso, sentem as paredes, e com a minha permissão, claro, abrem os armários para ver a condição da pia e tal. Para o meu desespero, a conversa com todos seguiu mais ou menos da mesma forma:

— Mas ele tá muito bom ainda... É uma pena reformar agora. Tem certeza que a senhora quer mexer com isso? Olha não é que eu não precise do serviço, mas realmente vale a pena pensar melhor.

Sim, isso aconteceu 3 vezes, com três profissionais diferentes, que entraram na nossa casa como “profetas”, em momentos diferentes (nestes 9 anos) me enviando a mesma mensagem do Universo. Contrariando o capitalismo, a moda e até mesmo o meu gosto!

Resumindo, a reforma nunca aconteceu, a Casa Sem Lixo nasceu e pelo jeito, vai demorar para acontecer.

Eu tinha vergonha do nosso banheiro marrom. Já cheguei a desejar um vazamento, ou coisa parecida... Nunca se concretizou! Hoje, apesar de ainda não achar sua proposta estética NADA interessante, carrego em mim um sentimento de vitória por ter resistido (com tantas dificuldades) à tentação da tão sonhada reforma.

Em dias onde as pessoas reformam tudo e mais um pouco, muitas vezes apenas para se encaixar em modelos impostos, ter um banheiro marrom é, no meu caso, ter um caso de amor primeiramente com o planeta. É ter bem clara as prioridades nos seus devidos lugares.

Agora, sendo um pouco nostálgica e verdadeiramente grata, foi neste banheiro marrom que meus filhos tomaram seus primeiros banhos (minha sogra querida vinha todos os dias no primeiro mês de cada um fazer isso com tanto cuidado e amor). Se os nossos azulejos marrons falassem, poderiam descrever conversas, lágrimas, risadas, broncas, gritos, músicas, cantorias... tantas coisas que vividas ali...

Este ano fizemos uma sessão de fotos super interessante chamada “Aquele dia pra Sempre” com o Joni, um querido amigo e fotógrafo “panda”, que passou literalmente um dia acompanhando nossa rotina e registrando a vida como ela é (confira AQUI mais sobre o seu trabalho). Entre os registros não poderia faltar nosso banheiro marrom... Agora, “sem vergonha”!

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